Pedido de tombamento do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá - CINEMATO como patrimônio cultural e imaterial do Estado de Mato Grosso

Em 1993, o Estado de Mato Grosso viu nascer um fenômeno cultural que, desde então, enriqueceu de forma singular a cultura, a vida social e a economia deste Estado e do Brasil. Nascia a Mostra Brasileira de Cinema e Vídeo de Cuiabá através de um convenio pluripartite entre a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Governo do Estado, SEBRAE, Prefeitura de Cuiabá, e Federação das Indústrias deste Estado. 

Esta importante cooperação interinstitucional durante seus primeiros quatro anos, garantiu a realização desta ação cultural num Estado que não era dotado de estrutura administrativa para o setor, tão poucos existiam formas de mecanismos de fomento.  

Com a criação da Secretaria de Estado da Cultura, dois anos mais tarde, 1995, e os mecanismos de incentivo da lei de incentivo à cultura do Estado, conhecida como a Lei Hermes de Abreu, estrutura e instrumentos onde o Festival participou com outros setores da cultura deste Estado, ao mesmo tempo que abriu novas possibilidade para a continuidade dessa ação, trouxe como consequência o desinteresse das mencionadas instituições em renovar o mencionado convenio. O Festival foi lançado ao insipiente mercado cultural do Estado, o que obrigou aos organizadores a uma série de arranjos para sua realização, algumas vezes sem muito sucesso.

 À época da criação deste Festival, a capital do Estado possuía um único cinema em funcionamento regular, o Cine Teatro Cuiabá, e no interior apenas as cidades de Rondonópolis, e Cáceres.  Desde então o Estado viu ressurgir um número grande de salas, cerca de 40 salas, cuja programação mantem a hegemonia da indústria norte americana de Hollywood, excluindo a rica produção mundial, brasileira e mato-grossense.

Essas duas últimas, diretamente estimulada pelos três eixos das ações desse Festival. O primeiro na memória do cinema produzida no Estado, que em breve, 2028, completará cento e vinte anos, quando importante nomes do cinema brasileiro ressurgiram na memória nacional, como o de Arne Sucksdorff, José Mojica Marins, dentre outros, e nomes de realizador mato-grossense retornaram do esquecimento da memória do povo mato-grossense, tais como Vicente Leão, Lazaro Papazian, dentre outros. 

O segundo foi na formação de novos profissionais para o setor através das dezenas de oficinas realizadas, o que estimulou a produção local, inserindo novos diretores na produção de cinema contemporâneo em Mato Grosso dentre estes Amauri Tangará, Glória Albuês, Bruno Bini, Severino Neto, Samantha Col Debella.  Essas oficinas realizadas com instrutores de renome nacional, cumpriu uma importante lacuna dada a inexistência de uma formação academia o que ocorreu em 2017, com a criação do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Matogrosso.

O Festival teve uma contribuição capital nesta criação.  O último eixo e o da difusão de filmes e a inclusão social.   O Festival permitiu o surgimento de uma diversificada plateia para o cinema brasileiro e mato-grossense, ao mesmo tempo que através de atividades inclusivas presentes em sua programação desde 1993, promovia o acesso de estudantes da rede público, o Cinema Escola, e de sujeitos excluídos seja por problemas de saúde, por força da lei, pela idade avançada, ou por situar na periferia, através do Cinema Paradiso e Cinema Nos Bairros respectivamente, contribuiu por mais justiça social e cidadania.

É importante destacar que o Festival promoveu e lançou no cenário nacional importantes nomes através do primeiro prêmio de suas carreiras, como o de melhor atriz à Dira Paes, e o melhor diretor, Fernando Meireles, dentre outros. Outra importante contribuição foi no estímulo e a criação de ambiente democrático para o   estabelecimento de políticas públicas inovadoras para o desenvolvimento do setor.

Do ponto de vista simbólico o Festival permitiu o surgimento de uma nova plateia para o cinema brasileiro, e mato-grossense na região com mais brasilidade e pertencimento às múltiplas identidades inseridas nos filmes.

Nessa longa trajetória, o Festival em sua vigésima segunda edição, em verdade, era para estar celebrando sua trigésima segunda edição se não tivesse ocorrido a descontinuidade das políticas de governo deste Estado e da União para a sua realização, seja pela não destinação de recursos, seja pelo rigor da burocracia da gestão cultural deste Estado, o que promoveu essa grande lacuna.

Para que isto não mais aconteça, através deste documento solicitamos o tombamento do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá- Cinemato como patrimônio cultural e imaterial do Estado de Mato Grosso como forma reconhecimento da sua importância, garantia de sua continuidade e contribuições, assim cumprindo o disposto constitucional brasileiro de direito à cultura, a memória, através do audiovisual brasileiro e mato-grossense, para as futuras gerações.

Vida longa ao Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá-Cinemato.

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