Foi apresentado um diagnóstico de potencialidade e fragilidades ao poder público, pensando na ocupação desses espaços de modo geral
Por Beatriz Saturnino – Da Assessoria de Imprensa
As possibilidades de gerir negócios criativos e empreendedores foram abertas aos quintais cuiabanos, a partir do Fórum Quintais da Cultura Popular Cuiabana, onde os gestores saíram de lá com os seus modelos de negócios definidos e o poder público com o diagnóstico desses espaços. Este foi o resultado final do projeto “Quintais da Cultura Popular Cuiabana”, que encerrou no último sábado (18.10), com o evento realizado no Hotel Fazenda Mato Grosso.
O evento foi marcado por uma decoração impactante do artista Jorge Katumba e pela apresentação de Cururu, que fez o cortejo de uma procissão para a abertura do Fórum destinado a entidades governamentais e não governamentais, com a finalidade de apresentar o diagnóstico dos quintais, por meio de um vídeo documentário, inventário, e-book e palestra.
“Primeiramente eu quero agradecer a responsabilidade desse projeto junto a esses quintais, que conseguiu mostrar para eles a importância desses espaços dentro do contexto urbano da cidade, do social, cultural, econômico e turístico. O que a gente espera na verdade é que o os governos Municipal e Estadual visualizem políticas públicas para esses quintais, pois a partir de agora eles terão o diagnóstico desses lugares e não será difícil saber as necessidades e também a importância de salvaguarda-los para que eles possam manter a nossa cultura e as nossas tradições”, destaca Cybele Bussiki, presidente do Instituto INCA-Inclusão, Cidadania e Ação, e idealizadora do projeto.
Cybele ainda frisa que agora o trabalho será maior, pois os gestores desses quintais já tem a consciência do tanto que eles já são importantes e o quanto eles ainda precisam enfrentar e conquistar, entre dificuldades e oportunidades.
Também tem a certeza que as pessoas que estiveram no Fórum, principalmente as autoridades políticas, entre secretários e representantes da Cultura, Assistência Social e Relações Comunitárias, saíram de lá com outro olhar, não só pela questão da cultura popular, mas também pensando na ocupação desses espaços de modo geral, pois cada um dos quintais tem suas particularidades e interesses.
“O recado que eu tenho, principalmente para os quintais, é que foi muito bom a gente ter participado e acolhido esse projeto, de uma maneira que possamos estar juntos desenvolvendo essa ações, e que elas tenham continuidade. Que coloquem seu esforço e coração para que a gente consiga promover esse desenvolvimento, manutenção e repasse de conhecimento, para que possamos ampliar a outros territórios, não só em Cuiabá, sendo muito importante essa junção da comunidade e do poder público para que a gente realmente faça um trabalho eficaz, de desenvolvimento para todos nós”, diz a superintendente de Economia Criativa da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), Keiko Okamura, que teve a oportunidade de acompanhar a maioria das visitas nos quintais.
Fazem parte desse inventário e diagnóstico os quintais do bairro São Gonçalo Beira Rio, de cerâmica das irmãs Júlia e Cleide Rodrigues, e de dona Domingas, do grupo Flor Ribeirinha; o grupo “Voa Tuiuiú, no bairro Residencial Itapajé; grupo Flor Serrana, localizado em Aricazinho, na Zona Rural de Cuiabá; grupo de Siriri Flor do Atalaia, no bairro Parque Atalaia; grupo Tradição Coração Franciscano e dos cururueiros da Associação do Grupo Cururu Tradição Cuiabana do Coxipó, no bairro São Francisco; o grupo Flor do Campo, no bairro Parque Ohara, e o quintal da Casa de Bem Bem, que está passando por restauração, localizado no Centro histórico de Cuiabá.
Entre eles há aqueles que possuem tradição em gastronomia, outros preservam o linguajar e o artesanato, também os que preservam a cultura do Siriri e Cururu, entre outras particularidades. No período da tarde, os gestores se dividiram em grupos e puderam traçar metas e organizar o modelo de negócio viável de cada quintal, por meio da metodologia Canvas.
A saída do Fórum foi exatamente ajudar os gestores desses quintais a traçarem um plano de negócio para que visualizem como vão dar o primeiro passo, pois agora cada quintal já se reconhece como importância, salvaguarda e como um espaço criativo, ou seja, entendeu o seu potencial, por meio do projeto “Quintais da Cultura Popular Cuiabana” que passou 10 meses pesquisando esses espaços.
“Nós agora temos um diagnóstico que vai facilitar muito o nosso trabalho. Fiquei muito contente de ver o resultado do projeto porque vai nos dar uma base para o que a gente quer fazer. A intenção da Secretaria Municipal de Cultura, por determinação do prefeito, é trazer a inclusão desses quintais. É dar a esses quintais a vara para que eles possam pescar. Eles tem que se transformar em uma empresa independente que gere emprego e renda e atraia o turismo. A gente tem certeza que será um grande sucesso, social, cultural, econômico e de desenvolvimento das regiões onde esses quintais existem e resistem até hoje”, diz a Secretária Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Carlina Rabelo Leite.
O projeto é uma realização do Instituto INCA, patrocinado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secel-MT, via emenda parlamentar do deputado estadual Dilmar Dal Bosco, no valor de R$ 400 mil, com o apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e UFMT, e parceria do grupo Caleidoscópio da UFMT.